Adriana Correa

O colonialismo e suas formas de opressão atravessam a existência da população negra, deixando como legado a marginalização e a obliteração. A interseccionalidade de gênero, raça e classe, num país que vigora o racismo estrutural e estruturante, fragiliza muito mulheres negras. É desse lugar que apresentamos as escrevivência.
O objetivo primeiro, realizar uma colagem de escrevivências, considerando a história de vida de Carolina Maria de Jesus, Elza do Carmo e Adriana do Carmo Corrêa Gonçalves. As escrevivências de mulheres negras sangram e denunciam o racismo estrutural, mas também fazem anúncios, que trazem à tona o empoderamento e a representatividade em comunhão com outras mulheres – uma constelação -, como estratégia de enfrentamento do racismo cotidiano.
Nosso ponto de partida é a epígrafe acima que, pela música, faz vários anúncios e traz à tona algumas estratégias para que possamos viver e, devagarinho, romper com a colonialidade e suas práticas violentas.
Quando escrevemos, nos inscrevemos no mundo e certamente não é uma auto inscrição simples, principalmente quando nosso lugar de fala está na intersecção de gênero, raça e classe social – marcadores silenciados e oprimidos pela sociedade colonial e patriarcal. Aqui, quem fala é uma mulher, negra e periférica, portanto, a escrita da auto-inscrição é a reinscrição-reinserção no mundo, junto com as mulheres da minha vida.

E deste anúncio surgiram ações – uma constelação de ações.