JOGO FAKE GENÉRICO Bula-Manual (Fotonovela, Arquivo)

Para melhor entender o “Jogo Fake Genérico”
É preciso analisar e fazer um diagnóstico sobre o que veio antes deste trabalho. É importante rever toda a trajetória que me levou a construir um jogo de RPG com tema político, pois há anos atrás não me imaginaria construindo um jogo como esse. Na minha infância, ou mesmo durante a minha adolescência, nunca tive a oportunidade ou interesse neste tipo de jogo. Agora, neste momento da fase adulta, tenho aprendido e me divertido com essa experiência lúdica e educativa. Tanto a minha formação em pedagogia, quanto minha licenciatura em artes visuais, encontram-se refletidas no desenvolvimento deste jogo. Por mais que este fato não tinha sido desejado por mim a princípio, ele é parte integrante deste trabalho. Pois, não há trabalho de arte isento da experiência de vida do artista.
Os trabalhos conceituais de Paulo Bruscky, Jac Leiner, Michel Groisman, Rirkrit Tiravanija, Michel Zózimo, Guga Ferraz, José Miguel Casanova e Raymundo Colares funcionaram como referência artística e conceitual nesta pesquisa, que, por usa vez, expressa a minha poética. Estes artistas colaboraram para que eu refletisse em meu trabalho questões conceituais comuns entre nós e que semelhantemente “fabricaram” remédios fictícios de acordo com suas proposições. Os pontos em comum entre os artistas conceituais citados e o “Jogo Fake Genérico” são a questão da repetição, do caráter lúdico dos jogos desenvolvidos por alguns deles, a crítica por meio da ironia e da ambiguidade, o uso de ready-mades, as imagens apropriadas do mundo contemporâneo e a estética relacional tão essencial para ativação dos trabalhos. A ironia e o sarcasmo são marcantes na minha poética e são motivadores para que o público venha interpretá-los de acordo com suas experiências e vivências. Saber o que cada pessoa pensa sobre meus trabalhos é mais importante do que meus pensamentos sobre eles.
A genealogia poética da pesquisa intitulada ““Jogo Fake Genérico”, parte de questões abordadas em trabalhos que produzi durante os anos de formação no curso de artes visuais e também em diálogo com o denominado Conceitualismos do Sul **. Dentro dessa influência os efeitos provocados por diferentes suportes, seja um objeto ou um papel, servem para alertar sobre situações e problemas do cotidiano raramente notados pelas pessoas. Dessa maneira, uma das questões centrais no meu fazer artístico é propor uma reflexão sobre as ações e sentimentos humanos presentes na vida em sociedade.

** FREIRE, Cristina, Org.; LONGONI, Ana, Org. Conceitualismos do Sul / Sur./ Organização de Cristina Freire e Ana Longoni. – São Paulo: Annablume; USP- MAC; AECID, 2009.