Lucas Lino

“Primórdios: A Serpente” é um projeto que se iniciou com a constatação da frequente presença de serpentes em mitos e lendas de diversas culturas espalhadas pelo mundo, mesmo que essas culturas nunca tenham tido contato entre si. As serpentes são animais interpretados como símbolos de poder puro e sabedoria. Características que podem ser associadas tanto ao “bem” quanto ao “mal”, dependendo do conto. O que as leva muitas vezes a assumirem papéis de grande importância nestas histórias, podendo ser responsáveis tanto pela criação do mundo quanto pela destruição dele.
    A partir da aprofundada pesquisa destas histórias surgiu a ambição de reuni-las em uma única e nova história. Com isso foi criada a “Serpente Primordial”, um amálgama de referências de serpentes mitológicas ao redor do mundo. Ela seria o início de uma história, ou melhor, ela seria o princípio de toda a história. Uma personagem fantasiosa cujo conto serviria de inspiração para a criação de todos os outros contos sobre serpentes.
    Para contar esta história foi escolhido o formato de livro. Este livro, que recebe o nome do projeto, foi dividido em duas partes. A primeira representa um diário contendo os registros da jornada de uma pessoa fictícia, um biólogo naturalista, que se embrenhou na busca pelo ponto de origem de todos os mitos sobre serpentes, o que o leva ao encontro da “Serpente Primordial”. A segunda parte é um catálogo com diversos personagens mitológicos registrados em meio a pesquisa desse biólogo, sendo estas propriamente serpentes ou personagens relacionadas a elas. O livro recebe ilustrações e direciona para gravações de áudio hospedadas na internet, tudo em prol de expandir a experiência do livro e implicar em sua veracidade.
Como forma de distribuição inicial da obra, foi criado um site para agregar todo seu conteúdo. Tanto o livro, as ilustrações e as gravações de áudio podem ser acessadas integralmente através do link
    O projeto “Primórdios: A Serpente” carrega consigo inspirações das práticas sugeridas pelo Manifesto Antropófago e explora a função dos mitos na sociedade. Isso, enquanto desenvolve um mito original com uma protagonista que é uma metáfora para a própria natureza e a passagem do tempo em si, bem como retrata as relações que a humanidade estabelece com estes elementos.