Monique Durand
Sem Título
vídeo loop
6:23
2021
Monique Durand
Sem Título
Livro de artista
38 páginas, paper back, 15cm_x_21cm
2021
No momento em que um corpo passa a existir no mundo, ele se torna suscetível às influências externas, como a pressão estética e o bullying, que irão atuar sobre ele em diferentes âmbitos, dentre eles a construção da autoimagem corporal. Ao longo da vida, palavras se acumulam e se entranham na mente, sussurram e distorcem a percepção sobre quem somos. Passamos a rejeitar o que nos torna singulares para tentar corresponder a uma imagem que não é real, pautada em uma visão completamente distorcida sobre nós mesmos.
A pesquisa surgiu a partir de vivências que se intensificaram durante a pandemia, do meu olhar obsessivo para o corpo que se encontra em espelhos e fotografias, que a todo instante procura sinais que indicam a existência de defeitos. Ao longo de meses, desenvolvi desenhos de observação em grafite e nanquim de fragmentos do meu corpo, bordei espectrogramas e mapas dos diversos espelhos de minha casa, transformei a minha voz nos sussurros que me assombravam e, então, costurei cada uma dessas experiências em áudio e em um caderno de desenhos. São registros de luto e memórias sobre quem eu fui e quem sou, canalizados para serem expurgados.
É necessário entender como os acontecimentos externos nos afetam e modificam a nossa maneira de nos observar. Perceber as distorções faz parte do processo de compreender quem sou e qual é o meu propósito no mundo. É algo doloroso, rompe com tudo que acreditei durante anos, mas abre espaço para um novo caminho, que me transmite conforto e me acolhe. Afinal, não nasci odiando o meu corpo, fui levada a crer que ele não era bom o suficiente.
Orientação TFG: Maria Moreira