Não Sei o que tem aqui dentro
A partir de um poema de Stela do Patrocínio, usuária da Colônia Juliano Moreira, o verso não sei o que tem aqui dentro se tornou mote da pesquisa que comecei a desenvolver em serigrafia, mas que ao longo da graduação, ganhou corpo e se desdobrou em outros meios e suportes. Dada a necessidade de inserir meu processo artístico dentro de uma trajetória coesa, percebi que poderia me amparar em alguma analogia que me permitisse criar paralelo com meu processo. Foi assim que cheguei ao mito de Sísifo.
Sísifo foi, segundo a mitologia, o primeiro rei da cidade que se tornaria Corinto. Em sua jornada terrestre, enganou a morte duas vezes. Em vez da terceira morte, Zeus condena-o a um trabalho repetitivo, inútil e sem finalidade como uma forma de castigo ainda pior que a morte. Sísifo então é condenado à pedra, a fazer subir a rocha que nunca cessará de rolar ladeira abaixo de onde ele terá que fazê-la subir num ciclo que dura até esse momento aqui e agora.
A esse percurso relacionei meu processo criativo, como o gesto infinito de fazer vir à imagem aquilo que a motiva internamente, através dos meios da gravura, do vídeo e de ações na rua, minha pesquisa se fez e faz até esse momento, eternamente subindo a pedra morro acima e vendo-a rolar morro abaixo.
Orientação TFG: Inês Araujo